SANDRO GOMES DE OLIVEIRA. Diretor do Centro de Educação Teológica e Evangelística Shekinah.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Principais Características da Metodologia de Ensino de Jesus






POR: SANDRO GOMES DE OLIVEIRA



RESUMO
O artigo salienta a psicopedagogia de Jesus e busca apreender de seus objetivos e metodologia de ensino exemplos relevantes para o exercício docente. A pesquisa se baseia fundamentalmente em textos, discursos e ensinos pronunciados por Jesus nos seus 3 anos de ministério. Sendo a pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico, servirão de referência os autores J. M. Price, Otto Borchet, Nilson Guedes de Freitas e Augusto Cury.  Uma das principais característica do método de ensino de Jesus é a sua flexibilidade. Ele sempre adaptava sua metodologia às situações específicas. Através da pedagogia do amor, ele demonstrou grande afetividade para com os seus alunos. Jesus era claro, preciso e objetivo.

Palavras-chave: Jesus Cristo; Psicopedagogia; Objetivo; Metodologia

ABSTRACT

The article stresses the educational psychology of Jesus and attempts to grasp their goals and examples relevant teaching methodology for teaching exercise. The research is mainly based on texts, speeches and teachings spoken by Jesus in his three years   of ministry. As the qualitative research literature nature, will serve as the reference the authors JM Price, Otto Borchert, Nilson Guedes de Freitas and Augusto Cury.   A major feature of Jesus' teaching method is its flexibility. He always adapted its methodology to the specific situations. Through the love of teaching, he showed great affection towards their students. Jesus was clear, precise and objective.

Keywords: Jesus Christ; educational psychology; Goal; Methodology

1. INTRODUÇÃO

A prática pedagógica de Jesus tem sido alvo de grande reflexão ao longo da história. Este artigo vem salientar a psicopedagogia de Jesus, considerado por ilustres mestres e escritores, como o maior educador que já existiu. O autor do livro o Jesus histórico, Otto Borchert, (1985) escreve: “A mente de Jesus é muito abrangente. Quase todas as ciências podem contá-lo  entre os seus notáveis. O psicólogo precisa olhá-lo com respeito, pois nunca houve um homem que conhecia os seus semelhantes como ele... “(p. 156).   

Entretanto, não só os psicólogos, como também os pedagogos podem aprender de Jesus. Aprender por exemplo, como compartilhar o ensino através do uso de ilustrações; como tornar um objeto acessível e relacioná-lo com outro inacessível; de forma magistral, Jesus despertava a atenção dos ouvintes e fazia com que o interrogador respondesse às suas próprias perguntas (Lc 10.29,36).

Em última análise, o naturalista também pode aprender de Jesus e ser-lhe grato. Ele tinha uma apreciação pelas maravilhas da natureza! Numa certa feita ele disse: Considerai como crescem os lírios do campo... nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles” (Mt 6.29).  Com o seu olhar clínico Jesus demonstrou como estava adiantado em relação à sua época.

Uma das principais características da metodologia de ensino de Jesus é a sua flexibilidade. Ele sistematicamente adaptava sua metodologia às situações específicas. Concordo com Price (2008) quando diz: “Certamente aqueles métodos lhe eram coisa natural, e não fruto de deliberados estudos e planificações, e brotavam da ocasião e da necessidade” (p. 111).
Raramente Jesus fazia preleções que atualmente chamamos de “comunicação unilateral”. Ele ensinava a partir de uma situação específica; um diálogo onde surgiam perguntas, uma necessidade ou questionamentos oriundos de seus opositores. A maiorias de suas  parábolas, por exemplo, foi contada em resposta  a uma pergunta. Jesus sempre utilizava-se das experiências de seus ouvintes para instruí-los.

Jesus foi eficiente no magistério, em virtude dos elementos que contribuíram para prepará-lo. Price (2008) escreve: “Não basta apenas conhecer o conteúdo a ser ensinado, mas é preciso  empatia para com os alunos e colegas de profissão” ( p. 9 ).
         
Um autor desconhecido, citado por Price (2008) ilustrou de forma brilhante, Jesus como Modelo de Mestre:
Jesus era claro, preciso, objetivo. Seu quadro-negro era o chão, o giz, seu próprio dedo. Usava como ilustração o que estava mais perto, o que estava à vista de todos: como uma árvore, a natureza, uma criança.Tinha apenas duas turmas de alunos: os doze apóstolos e a multidão. Sua sala de aula tinha por teto o céu, por banco, a própria relva. Dava, às vezes, aulas particulares como à Samaritana; aulas audiovisuais enquanto caminhava; aulas diurnas e noturnas, como a Nicodemos. Ensinava no mar e em terra firme, no monte ou em casa, no templo ou caminhando. O esboço de suas aulas estava em sua própria mente; preparava-se em oração ao Pai. Incansável Mestre, seu tempo de ensinar era sempre ( p.8).

Price (2008) escreve sobre a idoneidade de Jesus para ensinar: “Ninguém esteve mais preparado, e ninguém se mostrou tão comprometido para ensinar do que Jesus. No que toca às competências, Jesus foi o mestre que apresentou maior qualificação para o exercício do magisterio .Isto é verdade tanto visto do ângulo religioso e humano, como do ponto de vista dos especialistas da educação (p.9).
A escolha do tema em foco, reconheço que é de grande relevância, pois trata da pedagogia de Jesus, que em embrião, usou em sua praxis, os modernos métodos utilizados pelos educadores da atualidade. Concordo com o escritor e psiquiatra Augusto Cury (2006) que diz:” A educação também não passou incólume por esse grande mestre. Sua psicopedagogia não apenas é atual, mas revolucionária. Ele transformou pessoas ignorantes, ansiosas e intolerantes na mais fina estirpe de pensadores” (p.12).
    
Dividiremos este artigo em duas partes. Na primeira, discorreremos sobre os objetivos do ensino de Jesus, na segunda, abordaremos alguns métodos de ensinos utilizados por Ele. Servirão de referência, os escritores J.M. Price, (2008), Otto Borchet, (1985), Augusto Cury, (2006) e Nilson Guedes de Freitas, (2006).




2. Desenvolvimento

2.1 Os objetivos do ensino de Jesus
Jesus possuía objetivos claros e específicos em sua prática docente. Inúmeros professores limitam-se apenas em apresentar o material que se lhe forneceu. Jesus planejava com excelência o seu ensino, e sabia perfeitamente o que queria alcançar. Ele podia avaliar os resultados de sua prática docente, pois tinha uma meta definida.

Todo educador deve ter seus objetivos definidos. Vejamos cinco objetivos desenvolvidos por Jesus em sua prática educativa. Como primeiro objetivo, tem-se a formação de ideiais justos para a construção do caráter de seus discípuos. Alguém já disse: “Caráter não é aquilo que fazemos – isto é conduta. Caráter não é aquilo que somos – isto é o âmago de nosso eu, o homem interior. Caráter é aquilo que somos no escuros.”

Dizem que a Hans Wagner, popular jogador de beisebol da cidade de Pittsburg, Pensilvânia, nos E.U.A., foram oferecidos mil dólares para que ele consentisse no uso de seu retrato na embalagem de uma certa marca de cigarros. Wagner, porém, recusou positivamente: “Não há dinheiro que compre a integridade de um caráter”. (Almeida, Natanael de Barros, Coletânea de Ilustrações, p. 41).

Price (2008) diz que certo jovem deixou de tomar parte de uma “balada” com seus amigos só pelo fato de lembrar que nenhum de seus parentes mais velhos teriam participado deste tipo de evento. Concordo com W. S. Athem quando diz : “Os princípios são os condutores pelos quais elevamos nossa natureza a níveis mais altos” (p.46).

Em útima análise, por meio de seu ensino , Jesus alertou a todos contra o orgulho, a cobiça, a raiva para com outro irmão, e contra o olhar para a mulher, cobiçando-a, etc. No Ensino do Monte, mormente nas Bem-Aventuranças, Jesus nos apresenta os princípios e as qualidades práticas que devem caracterizar os cidadãos do Reino, tanto nas relações da vida privada como da pública. Com isso, procurou formar  alunos com ideiais retos e justos.

Como segundo objetivo tem-se firmar convições fortes. Jesus sabia muito bem que só a transmissão do conhecimento ou da informação não transformaria o modo de viver e o ambiente em que seus alunos viviam. No processo educacional sabe-se que o grande desafio está em permanecer nos princípios aprendidos.

Assim, sendo, Jesus procurou ampliar nos seus alunos tanto as convicções como implantar a verdade. Isto é, através de sua prática pedagógica, despertava o sentimento e desenvolvia atitudes. Sua meta final era a verdade. Sabemos que a verdade transmite luz e também calor necessário para ser eficaz. W. A. Squires citado por Price (2008) ainda escreve: “Ele [Jesus] tratou da vida em sua plenitude, e não meramente do processo mental de seus alunos. Ele nutriu a vida emotiva, bem como a vida intelectual de seus discípulos.” (p. 49-50). Com essa atitude, procurou despertar interesse por vários temas e por conseguinte, conceder informações acerca deles.  Vale lembrar: “nossos alunos precisam sair de nossas aulas percebendo bem o valor das verdades ali estudadas e debatidas.

Como terceiro objetivo, tem-se o relacionar com os outros. Jesus procurou levar os homens a manter boas relações entre si. Primeiramente, ele salientou o evangelho do amor. Jesus aprofundou o tema quando disse: “Amai-vos uns aos outros como vos amei” (João 13:34).  Com isso, ensinou  que o verdadeiro amor derrubaria todas as barreiras.  Chamou a atenção para o perigo do ódio, recomendando: “Orai por aqueles que vos perseguem” (Mateus 5:44). Sabemos que é muito difícil agir baseado neste princípio, entretanto, ele é essencial  para a estabilidadade de uma relação interpessoal. O ódio certamente afetará o relacionamento entre os homens.

Verdadeiramente, o ódio é o início para o homicídio. Alguém já disse que: “O ódio não pode destruir o ódio, mas o amor é capaz de fazê-lo.”  Ao enfatizar a necessidade do espírito pacifista, Jesus, foi incisivo, quando disse: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9).
Por meio de seu ensino (teoria) e vivência (prática), ele nos ajuda a colocar de lado as bebidas alcoólicas, os preconceitos raciais, a resolver os problemas entre patrôes e empregados, e a eliminar a guerra. Percebemos que Jesus em sua jornada pedagógica vivia o que ensinava e ensinava o que vivia. Não havia incoerência em sua postura.
Como quarto objetivo, tem-se o resolver os problemas da vida. Jesus sempre considerou os problemas íntimos de seus ouvintes. Com exceção do Ensino do Monte, a grande maioria dos seus ensinos registrados era para ajudar indivíduos a resolverem problemas específicos que os desafiavam. O ensino de Jesus é inteiramente ocasional... tirado de emergências do dia e da hora, do contato com o povo, de conversas e incidentes.
Concordo com Price (2008) quando afirma:”O motor de cada professor deve ser este:‘ensino que tem finalidade certa, para o aluno saber como viver’...Quando necessário, devemos até nos desviar da lição do dia para atender à necessidade da classe” (p.55-56). Em última análise, não esqueçamos jamais que Jesus ensinou para resolver as necessidades e problemas da vida.

Portanto, concluo este quarto objetivo citando uma análise de Frei Beto, abordada por Nilson Guedes de Freitas (2006), sobre a escola mormente pública no Brasil:
A escola está em crise, porque nada é mais cartesiano e newtoriano do que a escola. Se os paradigmas da modernidade entram em crise, a escola também entra em crise. E por que a escola  entra em crise? São Tomás de Aquino tem uma frase de que gosto muito: “A razão é a imperfeição da inteligência”.  Ou seja, a inteligência vem de “intus leggere” (ser capaz de ler dentro) . Há pessoas analfabetas que são sumamente inteligentes. Interligir uma situação não depende propriamente de cultura, depende de sensibilidade, de intuição, daquilo que a Bíblia chama de sabedoria. E hoje constatamos que a escola nos torna cultos, mas não nos torna necessariamente inteligentes. Passei 22 anos nos bancos escolares, e a escola nunca tratou dos temas limites da vida, nunca falou de experiências pelas quais passamos, se não por todas, pelo menos pela maioria, nunca falou de doença, nunca falou de fracasso, nunca falou de ruptura de laços afetivos, nunca falou de dor, nunca falou de morte, nunca falou de sexualidade e, se falou de religião, não falou de espiritualidade, ou seja, temos uma escola tipicamente cartesiana, barroca. É como aqueles anjos das igrejas de Minas Gerais e da Bahia, que só têm cabeça, o resto é uma massa disforme. Nossa escola cartesiana acha que devemos saber como são os conceitos de física, mas saímos da escola sem saber consertar automóvel, televisão, geladeiras,  pregar um botão na camisa, cozinhar um ovo, fazer café. Não somos preparados para prestarmos primeiros socorros, para fazer coisas absolutamente triviais do nosso cotidiano., porque a escola separa a cabeça das mãos, não nos abarca na totalidade, na formação do ser como tal para a vida. Ela dá instrumentos  de compreensão e modificação da natureza, constituem a cultura, mas não propriamente de uma interação com a natureza. (FREI BETTO. Um Sentido para a Vida, p.4 – Citado por Nilson Guedes Freitas, Pedagogia do Amor, p. 99-100).

2.2 Alguns Métodos de ensino de Jesus

É importante ressaltar que praticamente tudo aquilo que atualmente faz parte das atividades educacionais foi utilizado por Jesus, ao menos em embrião. Ele em seu relacionamento com os seus discípulos chegou a declarar: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.” Apesar do povo reconhecer sua autoridade, ele não usou de autoritarismo, mas conquistou os corações dos seus discípulos por meio do seu ensino, do domínio dos métodos e processos de ensino. Price (2008) escreve acerca da metodologia empregada por Jesus:
Ele não anunciou  propriamente nenhuma  teoria, princípio psicológico específico como podemos  ver em Lev Semenovich Vygotsky,  nenhuma  teoria da biologia da educação, como a desenvolvida por Jean Piaget, nenhuma prática pedagógica como a de Paulo Freire,  não obstante, ele mostrou conhecer perfeitamente todos os seus elementos principais e os usou de maneira mais que eficiente. Empregou métodos com  perfeita liberdade e eficácia. Parece até que os descobria e aplicava de modo natural. (Price, 2008, p.26).

Já vimos que Jesus praticamente empregou aqui e ali, pelos menos em embrião, os métodos usados hoje em dia – perguntas, preleções, histórias, conversas, discussões, dramatizações, lições objetivas, planejamento e demonstrações. Portanto, sucintamente, veremos alguns desses métodos usados por Jesus.

Através de lições objetivas, procurou fazer do conteúdo ensinado uma coisa concreta e viva, e foi bem sucedido neste método. Através dos recursos didáticos disponíveis, Jesus dinamizava suas aulas, pois sabia utilizá-los adequadamente.  Através de objetos ou situações em que os alunos podem ver e sentir, o professor de forma eficaz prende o pensamento, a atenção e o interesse deles, bem mais do que por palavras que lhes dirigimos; tanto que alguns afirmam que 80% de nossos conhecimentos nos vêm por meio dos cinco sentidos. Um dos exemplos marcantes de   lições objetivas usados por Jesus é aquele que nos fala de quando ele tomou um menino e o colocou no meio dos discípulos, para ensinar qual a atitude que devemos tomar para com o Reino de Deus (Mateus 18:1-4). O mestre com este exemplo concreto, procurou dá uma lição de humildade em contraste com a ambição, egoísmo e exaltação dos discípulos. Eles pensavam que o Reino era algo com escalas e ordens hierárquicas, e portanto, com promoções e distinções especiais. Existem vários outros exemplos de que Jesus usou lições objetivas para tornar seu ensino mais atrativo, mais claro e mais impressionante.

A semelhança de Sócrates, Jesus fez uso do método perguntas e respostas. Este método de ensino é um dos mais antigos e um dos mais utilizados. Sócrates, por exemplo, usava sistematicamente este método para obter do aluno informes, pois admitia que o conhecimento é coisa natural, inata. Este método possui o elemento surpresa. Serve para provocar pensamentos, já que nada se aprende sem primeiro se pensar. Segundo um periódico chamado The Sunday School, Jesus durante sua prática docente  fez 154 perguntas (PRICE, 2008, p.132,133).
O método de preleções é o de discursar na apresentação de uma determinada lição, falando o professor diretamente à classe. Neste método o preletor pode incluir ou não o uso da lousa e de outros recursos didáticos audiovisuais. Woodrow Wilson, que foi o 28º Presidente dos EUA, citado por Price (2008) disse certa vez que o uso de preleções é “o método literário na sala de aula”. É chamado também de “discurso didático” (p.127). Jesus principalmente na primeira fase do seu ministério, ao lidar com as multidões, fez uso deste método.
Otto Borchert (1985) destaca a singularidade de Jesus como orador:
     Como orador público Jesus é inimitável.  As pessoas eram arrebatadas pela suas palavras. Até os soldados enviados pelo sumo sacerdote para prendê-lo ficaram extasiados quando ouviram-no falar, e voltaram sem terem cumprido a sua tarefa, dizendo: “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46). Algumas vezes aconteceu que milhares de pessoas se ajuntaram para ouvi-lo, “ao pontode uns aos outros se atropelarem” (Lc 12:1). Milhares ficaram com ele no deserto dias a frio, tão fascinados pelas suas palavras que esqueceram da fome e da sede (Mc 8:2). Em outra ocasião o povo declarou que a oratória dos escribas, dos líderes reconhecidos do povo, não era de se comparar com a dele (Mt 7:29). Por isso, assentavam-se em compactas multidões ao redor dele, ou acompavam-se na praia, enquanto Ele Se assentava em um barco (Mc 3:31;4:1/ O Jesus Histórico, p.149).

Jesus fez uso também do método da dramatização ao ensinar ao povo, e o empregou tanto de modo formal como informal. Neste método aplica-se o princípio de se aprender fazendo, sendo mais eficiente do que apenas dar uma aula ou de ouvir uma preleção. Provavelmente empregou este método de forma contundente quando instituiu o Batismo e a Santa Ceia. O Batismo representa a ressurreição de Cristo dentre os mortos, e a Ceia do Senhor representa seu corpo quebrado e seu sangue vertido para a redenção da humanidade, e por conseguinte, nossa participação nos benefícios dessa esperiência quando reconhecemos em Jesus a salvação.
Incontestavelmente, o método mais usado por Jesus foi o de histórias ou parábolas. Podemos afirmar que Jesus se destacou como o maior contador de histórias que o mundo já teve. É considerado o método que toma o primeiro lugar em seus ensinos. Suas histórias  são mais lembradas que outros ensinos dele.
Price (2008) diz : “A parábola é uma história ou ilustração tirada de algum caso conhecido ou comum da vida, para lançar luz sobre outro caso não muito conhecido. É uma apresentação viva e colorida da verdade”. William Sanday,  citado por Price acrescenta: “São cenas, ou histórias curtas, tiradas da natureza ou  vida de casa dia, que apresentam algum pensamento ou princípio essencial que pode ser levado e aplicado ao alto nível espiritual da vida humana” (p.120). Os que rejeitam fatos e argumentos, com satisfação ouvem históras.
É importante ressaltar que o método de histórias é de suma importância no ensino. Sendo de forma concreta, apela à imaginação, tem estilo fácil e livre, assaz eficiente e interessante. Reconhecemos também que as comparações têm sido caracterizadas como parábola em embrião . O vocábulo parábola, aparece cinquenta vezes no Novo Testamento . Em última análise, através deste eficiente método prende-se a atenção do aluno, ao narrar estas histórias lança-se luz sobre algum princípio ou verdade abstrata já enunciada, como também serve  para apresentação da lição toda.



Horne, citado por Price, nos dá uma lista total de sessenta e uma parábolas ou histórias, sendo:
    
Referência
Quantidade
Exemplo
Pessoas
34
O bom samaritano
Animais
04
A ovelha perdida
Plantas
07
A semente de mostarda
Diversos
16
As 4 qualidades da terra
(Price, 2008, p.122)
Se Jesus não houvesse lançado mão desse método, certamente, não teria encontrado nada tão eficiente como as parábolas e histórias.
Borchet diz que Jesus sabia como manejar a antiga arte de fazer provérbios, com uma perícia consumada. O autor sem mencionar outros assuntos, cita uma lista dos animais que foram usados em suas parábolas: camelo, raposa, lobo, serpente, cão, boi, jumento, ovelha, bezerro, porco, peixe, abutre, galo, galinha, pintinhos, pomba, pardal, mosca e escorpião (p.151).

J.M. Price (2008) cita o exemplo extraordinário de aula inteira dada por Jesus através de histórias, as quais encontram-se no capítulo 15 do Evangelho segundo Lucas:
Quando os fariseus e escribas lamentaram o fato de Jesus viver na companhia de publicanos (coletores de impostos) e pecadores (a ralé social), o Mestre responde a tais críticas não com argumentos ou censura, e, sim, com três histórias – da moeda perdida, da ovelha perdida e do filho perdido. Todos (moeda, ovelha e filho) eram de algum valor, mas todos estavam perdidos, dando assim  ocasião à grande tristeza. No mesmo caso estavam aqueles  publicanos e pecadores, de algum  valor ainda, embora todos perdidos e que ainda mereciam alguma atenção e interesse da parte dos escribas e fariseu. Todos foram diligentemente procurados e achados; e se tornaram objetos de grande regozijo. Igualmente aqueles párias e desviados deviam ser procurados, novamente recebidos e reintegrados com grande  regozijo, em vez de serem desprezados, como de fato o eram, por aqueles mestres de religião do tempo de Jesus. Que lindo e inspirador quadro do Mestre nos dá de regozijo pelo pecador que se arrepende, em constraste com a atitude desdenhosa daqueles supostos chefes de religião! Já não se fazia necessário mais nenhum argumento ou explicação. Com a arte do Mestre por excelência, colocara-se diante de daqueles críticos, e de sua atitude pecaminosa, o espelho da verdade divina (Price, A pedagia de Jesus; o mestre por excelência, p.123,124).

Sabe-se que antes de Jesus vir, certos grupos humanos nada valiam, nada representavam. Entretanto, Jesus reconheceu o valor do homem, como nenhum outro mestre havia feito. Em última análise, o ensino dele levou o mundo a ver que Deus não faz acepção de pessoas, independente da cor, raça, status, etc, pois todos são preciosos a seus olhos.  Em sua relação interpessoal, Jesus sempre deseja tratar das feridas da alma e cuidar do bem-estar das pessoas. Ele corria todos os riscos por causa de um ser humano. Não devemos nos esquecer de que o Mestre do Amor é o maior exemplo de sabedoria, perseverança e compaixão.

3. Considerações Finais

De forma sucinta, pudemos no artigo em apreço, discorrer sobre os objetivos e alguns métodos do ensino de Jesus. Na verdade, ele foi o Mestre consumado no uso de aulas objetivas, bem como no emprego do método de dramatização, de histórias e parábolas. Fez com que essas verdades fossem lembradas e repetidas por todos os séculos. Vimos também que os objetivos de Jesus foram alcançados de forma eficiente. Os frutos de sua obra não só mostram sua superioridade como professor, como também justifica a ênfase que ele deu ao ensino. Boussett citado por Price (2008) não exagerou em nada quando afirmou: “Praticamente todos os avanços da humanidade nestres últimos dois mil anos devem ser atribuídos a Jesus, como o principal inspirador de todos eles” (p.141).
Apesar de não haver deixado nada escrito, Jesus é mais citado do que qualquer escritor que já viveu neste mundo. Em última análise, indubitavelmente sempre temos algo a aprender com aquele que praticamente empregou aqui e ali, pelo menos em embrião, os métodos educacionais utilizados no mundo hodierno.

     4. Referências Bibliográficas

PRICE, John Milburn. A Pedagogia de Jesus: o mestre por excelência. Tradução Waldemar W. Wey – Rio de Janeiro: Bom Pastor: Sabre, 2008.
BORCHET, Otto. O Jesus Histórico. São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1985
FREITAS, Nilson Guedes. Pedagogia do Amor. Rio de Janeiro: Walk, 2006.
CURY, Augusto. O Mestre do Amor. Rio de Janeiro: Sextante, 2012
ALMEIDA, Natanael. Coletânea de Ilustrações. São Paulo: S.R. Edições Vida Nova, 1987




terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Sete Cartas às sete Igrejas da Ásia - Por Joel Leitão de Melo

       Deus sabe das obras de todas. Algumas coisas Deus aceita, outras Ele reprova. Aquelas cartas têm referência a cada igreja ou a cada crente. Nós trabalhamos para Deus, umas coisas fazemos de acordo com a vontade de Deus, outras são erradas.
       Estas sete cartas representam "as coisas que são" , o tempo presente. Desde João escreveu até a vinda do Senhor, cada crente precisa examinar a palavra de Deus para agir como Deus aprova.
       Éfeso (2.1-7). Deus aprova: obras, trabalho, paciência, zelo, doutrina, disposição para sofrer, atividade e perseverança.
       A falta: "deixaste o teu primeiro amor" - O amor a Deus tinha diminuído.
       Nossas igrejas têm muito menos coisas boas do que Éfeso, imaginemos quando falta para agradar a Deus. E nossa vida individual?
       Smirna (2.8-11). Deus não especifica as obras, mas a tribulação e a pobreza. Era rica para com Deus. A recomendação é "não temas",mas prediz uma tribulação de dez dias. São entendidos como dez perseguições oficiais movidas pelos imperadores romanos. A exortação é "sê fiel até a morte..." O sentido não é até morrer de velho, mas até enfrentar a morte se for necessário. Quer dizer o martírio. Em Smirna Deus nada reprovou.
     Pérgamo (2,12-17). Deus diz: "eu sei onde habitas que é onde está o trono de Satanás". Era difícil ser crente ali, mas aquela igreja manteve o nome de Deus, não negou a fé (v 13). Deus reprova a tolerância para os que seguiam a doutrina de Balaão. Representa a união da igreja com coisas corrompidas do mundo. Havia tolerância também para os seguidores dos nicolaítas. Julga-se que era doutrina do mesmo sentido da de Balaão. Deus aborrecia (v.15). A exortação era: arrepende-te.
     Tiatira (2.18-29). Deus via obras, amor, serviço, fé e paciência. E as últimas obras mais do que as primeiras. Havia só uma coisa contra. Tolerava o ensino de Jezabel. Era mulher, como a rainha que oficializou o culto idólatra em Israel (1 Rs 16.31;21.15), que ensinava aos crentes de Tiatira o engano da prostituição e da idolatria.
     A exortação e a promessa eram para uns restantes (vv 24,25) reterem o que tinham da Palavra de Deus. A outra estava reprovada por Deus.
     Sardo (3.1-6) Havia obras, parecia viva, mas para Deus era morta. A exortação é: "Arrepende-te". Muitos crentes hoje têm obras que Deus reprova. Só uns poucos em Sardo eram fieis. Esses seriam recebidos pelo Senhor.
     Filadélfia (3.7-13). Filadélfia quer dizer amor aos irmãos. Nesta Deus nada ordenou.
     "Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação". Isto fala da Grande Tribulação. Esta promessa é uma prova de que a Igreja não passará pela Tribulação, Deus promete guardar "data hora". Antes a Igreja será arrebatada.
     Laodicéia (3.14-22). Nem era fria nem quente a igreja rejeitada por Deus. Os crentes achavam-se ricos, tinham programas, atividades, beneficência, de acordo com seu modo de pensar, Deus estava de fora. Nada prestava naquela igreja.
     Jesus Cristo faz um apelo individual: "Se alguma pessoa atendesse ao apelo de Jesus, teria comunhão com Ele e se sentaria no trono para reinar.
Fonte: MELO, Joel Leitão de. Sombras, Tipos e mistérios da Bíblia. Rio de Janeiro, CPAD, 1989.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019