SANDRO GOMES DE OLIVEIRA. Diretor do Centro de Educação Teológica e Evangelística Shekinah.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Equilíbrio Doutrinário - Por Sandro Gomes

O leitor terá a oportunidade de ler abaixo um artigo de minha autoria publicado numa revista de propósitos missionários. Nessa época encontrava-me como professor no Instituto Bíblico Filadélfia, e ministrei algumas palestras que serviram para combater um movimento herético importado do estrangeiro. Infelizmente, alguns líderes aqui no estado do Rio de Janeiro, aderiram o supra citado movimento. Hoje, o líder mundial dessa seita se autodenomina "O Cristo em carne", e declara que o número 666 representa a prosperidade para os seus seguidores. Concordo com o escritor Antonio Gilberto, quando enfatiza acerca da falsa aplicação do texto bíblico nos seus variados aspectos: "Tanto é réu o corruptor da sã doutrina, como o omisso nela." Quero ainda ressaltar que este artigo foi também publicado no Mensageiro da Paz no ano de 1999 . Desejo, portanto, boa leitura para o dileto leitor.





A palavra evangelho provém do grego "Evanguélion", e literalmente significa "boas novas", isto é, a história da vida, morte, ressurreição e ascensão de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo; entretanto, o Apóstolo Paulo concedeu-nos o seu significado espiritual: "Pois não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego! (Rm 1.16). A Bíblia nos fala do Evangelho da graça, At 20.24; do Reino, Mt 4.23; da vossa salvação, Ef 1.13; da Paz, Ef 6.15; da Glória de Cristo, II Co 4.4. O leitor deve observar que em sua essência o Evangelho do Senhor Jesus Cristo é um só, todavia estas expressões relacionadas com o Evangelho mencionadas acima fazem parte das manifestações do caráter de Cristo.

As Escrituras nos falam dos sete espíritos de Deus, que são na verdade os diversos ministérios do Espírito, pois como sabemos, Deus só possui um Espírito, que é o Espírito Santo (ver Ap 4.5; Is 11.2; II Co 2.10,11). Quando Paulo nos diz que o Evangelho de Cristo é o da Graça, vemos que está em harmonia com sua exposição em Tito 2.11: "A graça de Deus foi manifestada trazendo salvação a todos os homens"; logo, concluímos que Cristo é a própria graça encarnada (ver Jo 1.14).
Entaõ surge a pergunta: Qual será a o Evangelho segundo os "mestres em graça"? É o Evangelho do desequilíbrio doutrinário. Satanás está sempre nos pontos extremos. Paulo afirma categoricamente que o líder evangélico deve ser moderado. A moderação faz parte do equilíbrio doutrinário, haja vista que toda heresia surge da intemperança de líderes que se acham o dono da verdade, os reformadores do século em evidência; os quais na verdade são verdadeiros inovadores ambiciosos por popularidade em detrimento da sã doutrina. Eis o alerta do Espírito Santo em I Tm 4.1,2; II Tm 4.3,4;: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensino de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras, e que têm cauterizada a própria consciência. Pois haverá tempo, em que não suportarão a sã doutrina, pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas." Interessante é que todo o herético se acha o dono da verdade.

Um exemplo contundente de desequilíbrio doutrinário é o esboçado por um certo líder de uma igreja localizada na cidade do Rio de Janeiro, o qual após abandonar muitos princípios doutrinários que fazem parte da Dispensação da Graça, passou a ensinar de forma desequilibrada a doutrina da predestinação. Segundo ele, a igreja que lidera na qualidade de apóstolo, é a única reforma protestante. No programa radiofônico do dia 03 de maio de 1993, foi reproduzida uma de suas mensagens pela rádio Metropolitana, na qual afirmou o que se segue: "Deus me disse que a Sua reputação só está com esta igreja(se referindo a sua denominação), e é dela que procede a verdade do Evangelho para o Brasil".

Vimos nas declarações citadas acima, o quanto o líder em foco é sectarista e proselitista.

É coerente frisarmos que os grandes reformadores como Calvino e Lutero jamais pregaram contra o batismo em águas, a Ceia do Senhor, a oração prolongada de joelhos, o jejum bíblico, a integridade do ministério do apóstolo Pedro, a disciplina executada pela Igreja com amor seguindo as diretrizes do Espírito Santo; traje decente usado pelas santas mulheres que esperam em Deus; a doutrina da Trindade; e muitos outros princípios cristãos que têm sido mutilados por esses mestres em graça entre aspas (ver At 8.12,36-39); I Co 11.26; At 13.2,3; 14.23; Ef 3.14; At 21.5; Gl 2.7,8 I Co 5.1,2; Mt 3.16,17; Jo 17.1-3; II Co 13.14; I Tm 2.9; I Pe 3.3-5.
A graça de Cristo nunca foi e jamais será sinônimo de antinomianismo (doutrina que ensinava que o crente não está sob lei alguma). A adesão a esta doutrina herética muitas vezes causava a destruição da fé e da pureza cristã nos primórdios do cristianismo.


As Igrejas da Galácia estavam enfrentando uma dupla ameaça, na ocasião em que Paulo as escrevia, a primeira partia dos legalistas que entraram no seio do rebanho arbitrariamente; os quais conseguiram levar os gálatas à servidão das observâncias da lei. A segunda ameaça surgiu duma má interpretação da liberdade cristã, conduzindo o apóstolo dos gentios a escrever a contundente exortação: "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém, não useis da liberdade para dar lugar a carne; sede antes, servos dos outros, pelo amor." (Gl 5.13). Em outras palavras, não devemos confundir a verdadeira liberdade cristã com libertinagem (ver Gl 5.19-21).

Pelo Equilíbrio da sã doutrina, deixemos registrado o nosso protesto por meio deste artigo contra todo movimento sectarista e proselitista que pretenda perverter o Evangelho de Cristo.


Publicado na Revista Ide e Segai no ano de 1996.

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