SANDRO GOMES DE OLIVEIRA. Diretor do Centro de Educação Teológica e Evangelística Shekinah.

domingo, 28 de agosto de 2011

Rebecca Kiessling - Foi concebida a partir de um estupro brutal ...

O depoimento citado abaixo é de Rebecca Kiessling. Ela é evangélica norte-americana, escritora e ativista pró-vida nos EUA.

Fui adotada assim que nasci. Aos 18 anos, soube que fui concebida a partir de um
estupro brutal sob ameaça por um estuprador em série. Assim como a maior parte das pessoas, nunca pensei que o assunto do aborto estivesse relacionado à minha vida, mas assim que recebi a notícia percebi que esse assunto não só está relacionado como está ligado à minha própria existência. Era como se eu pudesse ouvir os ecos de todas as pessoas que, da forma mais simpática possível, dizem: “Bem, exceto no caso de estupro...” ou que dizem com veemência e repulsa: “Especialmente no caso de estupro!” Existem muitas pessoas assim por aí. Elas nem sequer me conhecem, mas julgam a minha vida e depressa a descartam só pela forma como fui concebida. Senti como se a partir daquele momento tivesse que justificar a própria existência, tivesse que provar ao mundo que não deveria ter sido abortada e que era digna de viver. Lembro-me também de me sentir como um lixo por causa de pessoas que diziam que o feto fruto de um estupro é algo descartável.

Por favor, entenda que quando você se declara a favor do aborto ou quando abre a exceção para o estupro, o que isso realmente significa é que você pode olhar nos meus olhos e me dizer: “Eu acho que sua mãe deveria ter tido a opção de abortar você”. Essa é uma afirmação muito forte. Jamais diria a alguém: “Se eu tivesse tido a chance, você estaria morta agora”. Mas essa é a realidade com a qual vivo. Desafio qualquer um dizer que não é.

Diversas vezes me deparei com pessoas que me confrontaram e me tentaram desvencilhar do assunto dizendo coisas do tipo: “Bem, você teve sorte!”. Pode ter certeza que a minha sobrevivência não tem nada a ver com sorte. O fato de estar viva hoje tem que ver com as escolhas feitas pela sociedade: pessoas que lutaram para que o aborto fosse ilegal em Michigan naquela época mesmo em caso de estupro; pessoas que lutaram para proteger a minha vida e pessoas que votaram a favor da vida. Eu não tive sorte. Fui protegida. E vocês realmente acham que nossos irmãos e irmãs que estão sendo abortados todos os dias simplesmente são “azarados”?

Um dos aborteiros com quem minha mãe biológica chegou a entrar em contato quando estava grávida de mim propôs a ela que se encontrasse com alguém à noite no Instituto de Arte de Detroit. Alguém iria se aproximar dela, dizer seu nome, vendá-la, colocá-la no banco de trás de um carro, levá-la e então me abortar. Depois iria vendá-la novamente e levá-la de volta. E sabe o que eu acho mais lamentável? É que eu sei que existe um monte de gente por aí que me ouviria contar esses detalhes e que responderia com uma balançada de cabeça em desaprovação: “Seria terrível se sua mãe biológica tivesse tido que passar por tudo isso para conseguir abortar você”. Isso é compaixão?!?!

Entendo que eles pensam que estão sendo compassivos, mas para mim parece muita frieza de coração, não acha? É sobre minha vida que estão falando de forma tão indiferente e não há nada de compaixão nesse tipo de opinião. Minha mãe biológica está bem, a vida dela continua e ela está se saindo muito bem, mas eu teria morrido e minha mãe estaria acabada. A minha aparência não é a mesma de quando eu tinha quatro anos de idade ou quatro dias de vida ainda no útero de minha mãe, mas ainda assim era integralmente eu, e eu teria sido morta em um aborto brutal.

Sou muito grata por minha vida ter sido poupada, mas muitos cristãos bem intencionados me dizem coisas como: “Olha, Deus realmente quis que você nascesse”. E outros podem dizer: “Era mesmo pra você estar aqui”. Mas Deus quer que toda criança tenha a oportunidade de nascer e não posso me conformar e simplesmente dizer: “Bem, pelo menos a minha vida foi poupada”. Ou: “Mereci. Veja o que eu fiz com a minha vida”. E as outras milhões de crianças não mereciam?

Na Faculdade de Direito, eu tinha colegas que me diziam coisas como: “Se você tivesse sido abortada, não estaria aqui hoje e de qualquer forma não saberia a diferença, então por que se importa?” Acredite ou não, alguns dos principais filósofos pró-aborto usam esse mesmo tipo de argumento: “O feto não sabe o que o atingiu, então não percebe que perdeu a vida”. Sendo assim, se você esfaquear alguém pelas costas enquanto ele estiver dormindo, não haverá problema algum, porque ele não saberá o que o atingiu? Eu explicava aos meus colegas como a mesma lógica deles justificaria que eu “matasse você hoje, não estaria aqui amanhã e não saberia a diferença de qualquer forma; então, por que se importar?” E eles ficavam com o queixo caído. É incrível o que um pouco de lógica pode fazer, quando você pára para pensar – que é o que devemos fazer numa Faculdade de Direito – e considera o que realmente estamos falando: Há vidas que não estão aqui hoje porque foram abortadas. É como o velho ditado: “Se uma árvore cai na floresta e não há ninguém por perto para ouvir, será que faz barulho?”. Olha, faz sim! E se um bebê é abortado e ninguém fica sabendo, tem importância? A resposta é SIM! A vida dele importa. A minha vida importa. A sua vida importa e não deixe ninguém te dizer o contrário.

O mundo é um lugar diferente porque naquela época (antes de 1973, nos EUA) era ilegal a minha mãe me abortar. A sua vida é diferente porque ela não pôde me abortar legalmente e porque você está aqui lendo as minhas palavras hoje. Há coisa que fazem falta a todos nós aqui hoje por causa das gerações que foram abortadas, e isso importa.

Uma das melhores coisas que eu aprendi é que o estuprador não é o meu criador como algumas pessoas queriam que eu acreditasse. Meu valor e identidade não são determinados por eu ser “resultado de um estupro”, mas por eu ser uma filha de Deus. Salmos 68.5-6 declara: “Pai de órfãos... no seu templo santo Deus habita. Dá o Senhor um lugar aos sem família”. E salmos 27.10 nos diz: “Mesmo se pai e mãe me abandonassem, o Senhor me acolheria”. Sei que não há nenhum estigma em ser adotado. O Novo Testamento diz que é no espírito de adoção que nós somos chamados filhos de Deus por Jesus Cristo nosso Senhor (Romanos 8.15; Gálatas 4.5; e Efésios 1.5). Sendo assim, Ele deve ter pensado na adoção como símbolo do amor dEle por nós!

E o mais importante que é que eu aprendi, e poderei ensinar aos meus filhos e aos outros que o seu valor não é medido pelas circunstâncias da sua percepção, seus pais, seus irmãos, seu parceiro, sua casa, suas roupas, sua aparência. De fato, muitos palestrantes motivacionais falam para suas platéias que se elas fizerem algo importante e atingirem certos padrões sociais, então elas poderão “ser alguém”. Se alguém não atingir significa que não é “alguém” o que é “ninguém”? Se você quiser realmente saber qual é o seu valor, tudo o que precisa fazer é olhar para a Cruz, pois este é o preço que foi pago pela sua vida! Esse é o valor infinito que Deus colocou na sua vida! Para Ele, você vale muito.

Rebecca Kiessling é evangélica norte-americana, escritora e ativista pró-vida nos EUA.

(Jornal Mensageiro da Paz – ano 79 – Número 1486 – Março de 2009).

http://rebeccakiessling.com/

Obs.: Amigo leitor, peço por gentileza que deixe o seu comentário sobre a matéria citada acima. Desde já, muito obrigado. No serviço do Mestre, pastor Sandro Gomes.

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